terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

nous sommes commediens!

pra não deixar o tédio nos abater,

dedilho esses versos (frios ou quentes),

que saem de mim agora:

o ator é o devir.
a vida é outra a cada dia...
o dia é o mesmo, aparentemente.

je suis commedien!

tu as commedien!

nous sommes commediens!

"façamos, nos desfaçamos e nos refaçamos" em palavras, em versos... nunca o retrocesso!
neste verso, agora, me despeço...


domingo, 7 de fevereiro de 2010

Considerações “Lucanianas” a respeito da mudança, ou a simples mania de pensar.

Começo desconfiando do que se é habitual desconfiar. Desconfio da desconfiança dos outros e da mania que têm de desconfiar sempre. Desconfiar é verbo transitivo que supõe dúvida ou conjectura. Supõe suposição, suponho.

De inverso, creio, está a ordem de pensamento de mudança. Afinal, que ser mutável desconfia da mudança? A troca de caminho pressupõe consciência. Logo, pois, exclui a transição regada a dúvida.

Mutável é adjetivo e requer caráter. Caráter é termo que designa o aspecto da personalidade responsável pela forma habitual e constante de agir peculiar a cada indivíduo. E o caráter é mutável.

O caráter não é esculpido em mármore, não é algo sólido e inalterável. É algo vivo e mutável, e pode tornar-se doente, como se torna doente o nosso corpo.”
-- George Eliot

Suponho que com dúvida, poderei mudar de idéia a caráter da desconfiança da desconfiança alheia hoje ou amanhã. Mas por enquanto, confio na minha suposição.

E me parece possível mudar.

eu, ele e se Clarice falasse, o que ela responderia sobre a "pirataria semântica"?

tenho por vezes a impressão de que pessoas se afiguram, uma as outras, peçonhentas.
quando percebo que sou uma delas, corro até mim e fico comportado -finjo que não é comigo!
um dia penso ser alguém.
no outro, penso ser ninguém.
Clarice me disse: - ouço vozes que saem de uma só boca suspensa na lateral de um palco. ( cênico, não?)

"- ninguém é interessante, porém, o que importa é a relação que se dá entre elas, as pessoas." (grita a boca)

fiquei ainda mais confuso com tamanha descoberta: a história da boca nos confundiu a todos!- disse eu à ela, e continuei...
- tudo bem, prossigo: tentei ser pessoa, fui ninguém.
agora que sinto veramente que sou niguém - sou Pessoa.
"gente é um bicho estranho!" vocÊs não acham?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

é dois de fevereiro: thales e iemanjá

(...) "a vida inteira" há de responder, se algum dia conseguirmos represá-la. talvez ante a morte, que nos tira a vida, possamos negociar... aí sim, a eternidade!
fico à deriva no mar, numa grande rede que faço de vela. o vento bate e passa...
a água passa...
não é rio.
estou paciente. após trinta e três primaveras à deriva, Encontro, em mim, uma aura parcimoniosa.
lembro de Sá-Carneiro para expor o meu tempo do "aqui agora":
"as horas não podem mais ter a ação sobre aqueles que viveram um instante que focou toda a sua vida."
enquanto levanto rede-velas nesse mar hi-tech, penso e escrevo: debruço-me sobre ti.navego dedilhando palavras sobre o teu corpo até cançar... adormeço e sonho. sonhei que o "menino" dizia-me que sonhara comigo travestido de macho-fêmea - personificado de alguma deidade a qual não lembro. e qeu alguem no sonho comemorava seu natalício no dois de fevereiro.
acordei do sonho com uma cantoria de jangada à iemanjá, ou seria para a Senhora dos navegantes?
oh, como era linda a cantiga dos pescadores de Jeri, que coa-coa-ram no mar!
me peguei cantando também.
justo eu, um iconoclasta inveterado que vive "entre o choro e o riso".