quarta-feira, 31 de março de 2010

Vira Virou (Reflexões sobre o início de 2010).

Voa, voa EL Treze, estamos a chegar.

Estava pensando agora se houvesse outra paralisação na Ex-cola(como diria Antônio Araújo)...
Lembro-me também de quando nos conectados pela última vez e foi deliciosamente divertido, e fomos brutalmente cortados.

Naquela época nosso foco foi desviado, uma quebra épica tipicamente brechtiana dos tempos modernos, justo quando os motores estavam aquecidos para a largada tivemos que fazer uma parada de emergência nos boxes. Imagine isto agora...

Como é bom, agora, estar em trabalho, naquilo que sentimos prazer, mesmo que dolorido(o corpo), como é renovador e necessário, o empenho, a troca de experiências os olhares disponíveis. É sensível nosso crescimento neste momento.

Naquele passado, lembro do trabalho com a minha voz, da articulação, da projeção, como havia melhorado, meu alongamento, disponibilidade física, prontidão, quanto havia aprendido e queria praticar muito mais, potencializar meu instrumento de comunicação, o corpo e a alma. Não deu mais, paralisamos todos, e num retrocesso físico, houve um esfriamento do corpo. Entretanto uma quebra necessária para nos contextualizar da dimensão política no teatro, na cena, na prática, na alma e no corpo(em seu distanciamento).

O trabalho do ator no teatro precisa de um tempo de preparação, maturação e entrega para que as questões propostas pelo coletivo, pelo mundo mítico e pelo atípico se encontrem. Este tempo é o espaço nascedouro do ator, onde este é estimulado pelo encontro das questões que o permeiam, das idéias que propõem infinitas formas, do embate que tudo transforma e do equilíbrio que tudo clareia.

Conexão, ritmo, precisão, tudo em seu lugar, ali esperando coragem, curiosidade e empenho para se manifestar. Tudo é possível.
Mas o que será tudo? O espaço do preparo e da entrega talvez seja o suficiente? O possível pode ser um limite?

Os dias passam nos arredores do meu dia, na tangência dos corredores dessa Escola, mas lá fora o ritmo do sistema corre rápido como as baldeações da Sé. É assim, tudo parado, parado... Rebuliço aqui dentro, eu precisava me apaixonar, me desapegar de coisas e me responsabilizar por querer outras. Talvez me reapaixonar, mas sem ser mesquinho com o passado pois não dá para jogar tudo fora.

Não há dúvidas sobre querer atuar, mas o que fazer se mantendo pasteurizado? A precisão escapa ao tempo, o espaço ideal se dilata, desequilibra e bate o medo de voar.
Refreados, abrimos mão do empenho e da curiosidade, impedindo a manifestação de um jogo espontâneo, constante e exato. Daí a importância do tempo de preparo dessa poção, e desta poção o vôo. Manter as conquistas adquiridas é fundamental para o movimento da ação, mas ficar no passado, se apoiar apenas na experiência efemerida, transforma a água que flui em água parada, bloqueada por muros de concreto, interrompido pelas represas que o homem “sobrenatural” constrói, impedindo que as águas atinjam o outro, outro lugar. Por isso a espontaneidade é conquista do personagem e também do ator, é o fluxo das águas, dos movimentos e sensações.
Recriar um ser espontâneo é tarefa que leva um tempo e é preciso abrir este espaço, conhecê-lo. Ninguém trafega de um personagem vivo para outro completamente diferente, mesmo que distanciado, como num passe de mágica. O autoconhecimento já é tarefa que leva uma vida inteira, e algum tempo pode ser importante para que um personagem de olhar vivo e convicto apareça. Sim, ator e personagem tem suas contradições e não podem se libertar muitas vezes por isso não os julgue.
Paradoxo, contraditório e dialeticamente falando, a busca é justamente essa na vida do ator, treinamento, repetição e empenho, para que algo possa florescer com vida, e essa vida ser a construção do ator e a preparação do personagem (Me permitam esse “infame” trocadilho).

Por isto quero este conjunto trabalhando e ativo. Co-labor-ativo.

Seres humanos nascem e morrem todo dia, nos construímos e desconstruímos constantemente, assumimos formas na vida e essas formas nos constroem enquanto obra de vida, logo se a arte deve estar viva, então nos reconstruímos novamente para chegarmos a uma obra de arte e assim estar sendo vida. O personagem não morre, é eterno, dele vem tudo o que foi efemerido das histórias, dos mitos, dele nos chega a imagem, a memória, os primeiros cantos e ritos.
Ser limitado e flexível no modo e forma de se estar, um personagem é limitado em seu símbolo, porém diversas são as possibilidades de sua forma, como a leitura das figuras de uma carta de Tarô. Suas combinações e significados são muitas, basta querer compreender o que elas dizem e ficar atento as entrelinhas. O que vem das possibilidades desse ser limitado, que pode ser um personagem ou uma carta também são restritas, porém claras e precisas.
Acredita nisso? Para ser ator é preciso acreditar nisso? Não eu diria, mas me parece que faz diferença.

O teatro morto só abre espaço para mortos. A sociedade morta funciona muito bem sem a manifestação do teatro, zumbis sem a memória de símbolos e contra-símbolos que desestruturam os sistemas de dominação social, de opressão e marginalização do seres. Se nos submetermos a esse esquema, assumimos a arte pela esmola, na sua medíocre necessidade de posse sobre as coisas do mundo, esquecendo do essencial equilíbrio para a convivência, para a relação e troca verdadeira entre palco e platéia. Se a escolha for comer artistas como objetos de desejo, ou pela necessidade de ver minha imagem reproduzida numa tela, a responsabilidade desse assassinato é minha!
Então me pergunto: Qual o jogo que aceito jogar?

O que resta é transfigurar a lógica com precisão.

Neste momento profícuo que nós, oh malditos trezianos, vivemos, ressoa ao meu espírito um desejo de provocar, sou provocado a um novo movimento nesta nave incandescente e a paixão surge em meu corpo pedindo mais. Abrir essa porta é como abrir a porta ao outro, e creio que só assim crescemos, como a “serpente de chamas em sua haste se enrosca, aumentando o seu brilho subindo ela segue”. Vira, gira, voa galera!

Malditos!
Se um dia ficarem receosos em se arriscarem em frente aos “mal ditos” pares, com medo de fazer feio, passar vergonha, errar, ou qualquer coisa que não valha a pena, lembrem-se que precisamos exatamente do inverso disso, de coragem, ousadia e desapego, para que esta forma, esta fórmula ou poção possa nascer. Joguemo-nos para voarmos conectados, precisos, aterrados, afinados, rítmicos e leves. Enjoy eu, enjoy nóis.

Imagine se tivéssemos que parar novamente agora...

quarta-feira, 24 de março de 2010

VIOLÃO

TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA
TREINO VIOLÃO PARTITURA REPETIÇÃO JOGO POESIA

quinta-feira, 11 de março de 2010

lema

"Por onde meu coração me arrasta, é impossível que um dia eu não encontre uma verdade."
Antonin Artaud

NÃO TE ODEIO (Para o Amigo Guerche)

NÃO TE ODEIO

odeio seu odio
rodeio sua alma
amanheço sua boca
amedronto o seu medo
destruo sua incapacidade de amar
construo seu sonho de risco seco
como seu assombro desajeitado
anoiteço virgem de desejo nu
nu espero seu semblante
sem fagulhas de atake
sem raiva de fragilidade
com sede de vulcão
sem vergonha
covarde
amigo
sonho contigo

Vc em atake fere meu amor