domingo, 5 de julho de 2009

RELAÇÃO II


O coletivo entende o indivíduo com o individualismo
O coletivo esquece que é formado por indivíduos
Somos indivíduos que constróem um coletivo para não ser só
Para não padecer da solidão
O Outro é um desejo
Desejamos estar, pertencer e romper ao Outro
Nos conectamos, estabelecemos vínculos
E vivemos a cada instante a metamorfose das relações
O Ser Humano se transforma como as estações
Hoje eu te amo, e lhe peço o coração, te ofereço o meu coração
Amanhã não te suporto, e quero ferir o seu coração com o punhal da crueldade
“ O inferno são os Outros ”, e os Outros quem são?
Sou eu, você e nós
Reconhecemos que o Outro é o problema
Mas não conseguimos reconhecer o problema que somos para o Outro e com o Outro
A palavra “ Julgamento” tem me ferido
Julgamos e toleramos o mundo, porque queremos nos convencer que somos a solução
Quero manifestar a necessidade de construir um mundo menos fascista
Não precisamos nos violentar tanto e o tempo todo
Não precisamos também alimentar falsas paixões e um coleguismo hipócrita
Dioniso é encantador, fascinante e belo
Mas é dúbio, também deseja destruir e instaura o horror
No teatro e na vida, somos Ying e Yang
Somos Seres Humanos e os nossos eus não são estagnados
Se movimentam, se transformam
A crise vem como uma ventania
Por onde passa, troveja, relampeja, traz o caos
Mas quando o último grão de areia cessa
Descobrimos que ainda é possível construir, plantar
A crise tem de ser vivida com a mesma intensidade que a alegria
E como a alegria, também celebramos sua passagem e morte
A nossa potência está no que somos
No que verdadeiramente somos
Não somos as nossas palavras, mas somos sobre o que elas dizem
Somos o que está dentro dos nossos peitos
Somos o que existe entre eu, você e nós
A Relação que é tão difícil e delicada
É o que somos
E se vemos com tanta complicação nossas relações
É porque somos Seres Humanos complicados por natureza
E assim existimos e por isto criamos
Na França chamam o Abraço de “ Pequena Morte”
Quando eu te abraço, nossos corações se encontram e até batem juntos
Quando nos separamos, nossos corações ainda batem, mas separados
Vivemos a morte de nós dois
Quando for insuportável estar com você e estar comigo
Então podemos experimentar nos perder
Porque quando nos perdemos é que descobrimos a necessidade de estar juntos
A necessidade de construir a cada instante uma RELAÇÃO.

RAFAEL GUERCHE

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