quarta-feira, 26 de maio de 2010

um bife de hamlet

logo cedinho caminho noir
numa manhã fria
no interior de um quarto revestido de branco e sem chão.
há apenas um "fio estreito, esticado feito corda bamba" e nele me equilibro
alguém vestido de branco e que se confunde com a cor do ambiente me oferece um bife mal-passado - eu mordo o bife, machuco a língua.
na segunda dentada percebo que o bife que vinha na bandeja era minha língua.
o alguém se voltou em minha direção e pediu que eu degustasse o bife-minha-língua
num estado Hamletiano.
e mesmo mordendo a língua, as palavras deviam ecoar imantadas de sensação.( não de dor. de sensação)
isso fez com que eu me descuidasse do fio sob meus pés (assim, o equilíbrio)
e logo me veio a lembrança e o perigo da queda (o desequilíbrio)
uma carcaça de "sombrinha erguida" à mão direita era minha única salvação!
isso me deixou na dúvida: pular confiando na sombrinha sem pano ou continuar expurgando minhas sensações, imerso em mim..."eis a questão"
(acordei nauseabundo e com dor na cervical!)

umelmo.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário